sábado, 17 de dezembro de 2011

Um olhar

a luz e o ponto
foco
feliz escolha
foco
o ponto e a cor
escolha
o choque da luz
escolha
sabedoria e ignorância
luz
transparência e cor
luz
detalhe inevitável
cor
desejo e impressão
cor
meu deslumbramento
impressão
registro de memória
impressão
do que está posto
do que foi
do que é
um olhar

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Atrofia

Fiat e fim do original
Por séculos os gênios estiveram aqui
O que faremos com as bestas?

Tudo já foi dito
Somente as fórmulas prontas me bastam
Fecharam o ninho para meu vôo

- Fique com o silêncio.
Não posso, preciso gritar.
Mesmo um clichê, preciso gritar.

Às vezes o sussurro fere mais.
Preciso gritar coisa alguma, não sei o quê, nem sei para quem, desisto.
Mataram Sheerazade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Matryoshka

Linda em pele alva
na moda, nos trinques nos conformes
casca insegura
abro aos poucos e descubro


Linda em pele alva
coberta com cores, marcas e rótulos
moda e usura
abro aos poucos e descubro


Linda em pele alva
cópia fiel que aparece
o amor não dura
abros aos poucos e descubro


Linda em pele alva
o cérebro é seu limite
mulher segura
abro aos poucos e descubro


Linda em pele alva
poucos conhecem sua essência
a vida é dura
abro aos poucos e descubro


miúda em pele alva
nossa, que triste figura!
a vida lhe moldou oca.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

1+1= n

Máxima unidade de amor:
Deus
Mínima unidade de amor:
Nós
unidades essenciais da humanidade precisam vivenciar o amor, qualquer amor

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Rebeldia

Não quero bajulações!



Chega de beijos falsos, falsos abraços e apertos de mãos tão falsos quanto as idéias e opiniões...

Deleto a academia dos chapéus, chás e chaves de ouro... ignoro sua importância.

Renego a importância de muitos que vendem muito e escrevem mal.

Prefiro Camões, Lima Barreto, Cora Coralina e Patativa do Assaré.

Prefiro o Preá da esquina ao Coelho de casaca.

Prefiro o manual de instruções ao seu diário insosso...

Não gosto de seu suor, sangue e lágrimas de clichê piegas cheirando a mofo.

Pensando bem... devo amá-los também.

Pois a eles devo o prazer da escolha e o alívio de não ter inveja.


(às vezes a lágrima do poeta é amarga, suas rugas denunciam a careta de que leu e não gostou. Deveria usar máscara, deveria ser feliz com o pouco, deveria aceitar, deveria gostar e acenar com um olhar conivente, devendo sua alma)
- Valeu pela intenção - é o que dizem no inferno!
A forma limita e é limitada, pelo preço do livro, pela sua página,pela progaganda, pela imaginação.
Devo engolir açúcar.
- Sem água, por favor!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Santuário

lâminas coloridas cortam minha alma
caleidoscópios inertes transfiguram a fonte
eu observo
fecho os olhos por instantes
a fumaça e a mirra entorpecem
não há tempo ou espaço
Jerusalém é aqui, aqui e em qualquer lugar


não percebo solidão

terça-feira, 9 de junho de 2009

Um dia de Quelone

Quero sentir o sol me acordando suave e morno
Minha sinfonia da manhã: "bem-te-vi, bem-te-vi, bem-te-vi...."


Não vejo bem o meu reflexo


Não quero rugas de ocupações ou preocupações


Quero a languidez da rede


Uma namoradeira que aconchegue minha solidão


meu momento


meu bocejo...


meu ah mais prolongado.


Minha pele quer sentir a pele da joaninha passeando na palma de minha mão, num tom com gosto de liberdade laranja e verde de preguiça, calma e paz.


Quero a tarde de paz do lago, o acalanto da brisa do lago, a pedra morna do lago em minhas costas.

O lago recebendo meu corpo


Fechar os olhos e sentir o sol me cobrir para amanhã voltar a me despertar ternamente, é tudo o que quero.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Fóssil

A fronteira entre um tom e outro é vegetal.


O espaço entre o sim e o não está marcado.


Herança marrom



terra


tronco


casca







Ecos de vidas de ontem e amanhã.


O som é dissolvido e marcado em pedras.


Construção que meu tempo não alcança.





A vida morta vai à terra


A terra gera outros tons
em pó e em pedra.
Vitrais divinos cuja morte é o início
a vida, um fim.
Eternamente






terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Escalada

monte branco - vale branco


véu úmido que me atiça

serras e vales de mistérios e brumas

cortina branca de chuva calma

universo desconhecido

fumaça fria do céu para a terra

ao
olhar
para
si
me
sinto
pouco

me
sinto
ponto

me
sinto
par
te



Uma coisinha pequena e simples que quer folhear-lhe e descobrir-lhe sem mãos, folhas ou véus para tanto.